quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Akita, o dono e a autoridade hierárquico-afetiva...


O Akita, o dono e a autoridade hierárquico-afetiva...
Desde o início da minha pesquisa, meados de 1987, afirmo “instinto” e “equilíbrio” regem o Akita, por isso são essas as palavras-chave representam seu temperamento e comportamento.
É de suma importância saber que, para um Akita a condição de “dono” é um estado de autoridade hierárquico-afetiva, podendo ser ocupado por uma - ou mais - pessoa(s) do seu convívio.
Uma pessoa pode pagar por todas as despesas desde a compra do próprio cão, manejo, adestramento, veterinário, banhos... e jamais ser reconhecida pelo cão como sua “dona”.
Um Akita considera como seu “dono” a pessoa que arrebata seu coração e que conquiste seu respeito. Akitas estabelecem com seu “dono” uma relação de submissão baseada em de autoridade hierárquica-afetiva. Por isso alguns dizem ser o Akita é um cão de um único dono. Porém nada impede que o Akita reconheça mais pessoas da família como seus donos. O que rege o coração e a energia do Akita é o
ponto de intersecção entre a afetividade e a autoridade. Este é o segredo!
Pensemos em uma família, com 4 pessoas: pai, mãe, um filho adolescente e uma filha pré-adolescente. Imaginemos que o Akita é apaixonado pelo filho adolescente e fica o tempo todo junto com ele como uma sombra. Mas quando o filho não está em casa, daí o Akita segue a hierarquia-afetiva para o plano mais próximo e vira a sombra da filha pré-adolescente. Quando o irmão mais velho retorna pra casa, lá vai o Akita grudar nele de novo.
Porém é ao pai que o Akita vai obedecer sem hesitar, mostrando que reconhece nele a autoridade hierárquica, que não necessariamente afetiva. Mas como o cão é afetivamente ligado ao filho, vai continuar sendo a sombra do filho, ou da filha caso o irmão não esteja.
O Akita se submete quando reconhece uma figura de autoridade - uma espécie porto seguro para ele. Com esta pessoa ele vai dividir a responsabilidade tanto de proteção territorial quanto de cada componente da família. Era exatamente que se comportava com os samurais na defesa das terras.
Um Akita não se submete a uma relação de poder. E se o fizer, será apenas por uma questão estratégica de curto espaço de tempo, que não permanecerá. Porém ele se entrega totalmente, de corpo e alma, quando estabelece uma relação de autoridade hierárquico-afetiva, ou seja, quando se apaixona pelo dono. Explico mais abaixo...
Quando e como isso ocorre? Na chegada do cão, onde será seu novo lar. Ocorre que chega ele chega, precisa descobrir qual posição ocupará entre os componentes que já estão lá. Para isso ele precisa fazer testes de desafio. Esta é a forma que a natureza deixou registrada nele para que faça esta descoberta. É claro que falo aqui de cães que vivem com a mãe e irmãos o tempo necessário que tenham passado por todas as fases de aprendizado com a mãe, os irmãos e as intempéries da natureza.
É eu sei, este tema é controverso.. rs.. farei um post só pra ele.
Se conseguíssemos ler o pensamento do cão, assim que ele chega em seu novo lar, leríamos algo como: “Quem será a pessoa com autoridade que protege este lugar contra os invasores, os intrusos? Preciso descobrir logo, pois se não houver ninguém na ativa aqui tomando conta com firmeza suficiente, preciso assumir essa posição, para proteger este lugar que agora é meu também!”
Nesta fase de “testes” e “desafios”, no seu novo lar, o cão poderá apresentar dois tipos de resposta, aos estímulos enviados a ele pelos componentes da família:
- EQUILIBRADA – forma equilibrada e feliz onde o Akita encontra na família uma figura de autoridade que o conquista, que lhe transmite confiança e segurança suficiente para obedecer. Que deixa o cão feliz da vida e muito mais tranquilo, afinal poderá dividir a responsabilidade da segurança da família. “ ufa, encontrei aqui o samurai, a quem vou ajudar”... Isto é muitíssimo saudável para o cão pois o deixa em uma posição muito tranquila e segura, ele poderá confiar em alguém....
- DESEQUILIBRADA: apresenta insegurança por não encontrar na nova família, alguém com autoridade suficiente. Nesse caso ele assume o posto de autoridade máxima, e sendo assim entende que as pessoas devem obediência a autoridade que ele “conquistou”. Akitas são caçadores de ursos, imagine só quão intrépido tem que ser um Akita a ponto de acuar um urso. Ele aplica esta intrepidez em seu trabalho, seja na montanha com os ursos, seja nas nossas casas. Isto não tem nada haver com “agressividade”, tem haver com autoridade. Não podemos dar a ele uma lacuna de autoridade, nós é que temos que assumir a posição. Temos que ser intrépidos com ele, da mesma forma como ele é com os ursos, ou com invasores. Akitas também não são “traiçoeiros”.. Simplesmente não latem, pois não logicamente não vão ficar latindo e avisando o urso que estão indo para caçá-lo. Estrategicamente vão em silêncio.
É de máxima importância saber que nesse caso, tanto a família, quanto o cão, precisam de ajuda. Precisam ser bem orientados, para que haja um reposicionamento “hierárquico-afetivo” adequado. É necessário um trabalho “conjunto e muitíssimo bem alinhado”, para que a transição hierárquica, ocorra da maneira o mais harmônica possível.
Embora cada caso seja único, em linhas gerais estariam envolvidos no processo:
a) Alguém com profundo conhecimento em “equilíbrio” de temperamento de Akita;
b) Alguém que conheça sobre energia quântica - o estado de energia - do cão, do ambiente e da família;
c) Empenho da família para descobrir onde, como, quando e por que ocorreu o desequilíbrio;
d) Orientação para a família no aprendizado de ações hierárquicas ( cada caso é um caso com necessidades distintas)
e) Alguém que elabore e acompanhe a execução do alinhamento
Obs.: A instauração do equilíbrio é possível sim! Basta alguém com conhecimento suficiente em temperamento da raça Akita, que seja hábil e sensível o suficiente para: investigar as causas; elaborar um bom plano de ação; acompanhar todo o processo de transformação faça correções e ajustes no plano quando necessário; comprove a consolidação do equilíbrio.
É importantíssimo que todas as pessoas do convívio precisam participem do processo de forma “exercitar” este aprendizado juntamente com o cão.
Portanto o Akita vai reconhecer como “dono” tanto a pessoa com quem tem mais “afinidade”, quanto com a pessoa cujo “reconhecimento de autoridade” lhe conquiste a obediência.
Quando, uma única pessoa estabelece a fusão das duas características, um vínculo muito profundo se institui validando ser “o Akita é um cão de único dono”. Era justamente esta fusão de características que os samurais proporcionavam à seus Akitas, por isso os reconheciam como únicos donos.
Saudações akiteiras...
Soraya Guedes
Consultora e Pesquisadora Comportamentalista de Cães Akitas desde 1987
Juíza Especializada na Raça Akita – CBKC/FCI 1993 a 2013
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