Explicação sobre o desenho das cabeças de Akitas.
Algumas pessoas me pediram explicações sobre o desenho cabeças de Akitas que tem circulado na internet, que eu postei dia 28 de fevereiro. O desenho é um esboço feito por marido Ulisses Guedes, conforme escrevi na então postagem. Ele aceitou meu convite para explicar o desenho, cuja transcrição está abaixo:
"Tentando explicar
Atendendo a alguns poucos pedidos, e digo poucos porque gostaria que fossem mais, vou tentar explicar o desenho rabiscado aqui exposto.
Também digo tentar, pois existem vários tipos de interessados dos quais destaco três: aqueles que não entenderão nada, aqueles que julgam e ou falam que entenderam e aqueles que realmente entenderam. Não se preocupe em qual desses tipos de interessado você se encontra, a evolução do entendimento é para todos. Digo isso, pois estou aprendendo até o exato momento.
Fico profundamente consternado, quando observo especialistas em cinofilia julgarem aquilo que chamo de essência de um exemplar, como se não houvesse nenhum compromisso com a arte da cinofilia. Com toda certeza posso dizer que criar uma raça canina é uma arte, onde a obra prima está sempre por vir. Esta busca incessante por aprimoramento, que todo bom criador deve seguir gera padrões descritos como ideais de uma determinada raça. Esses padrões que sempre são subjetivos e muitas vezes de difícil entendimento, até mesmo por conta de traduções de idiomas diferentes, não são de fácil interpretação.
Mas vamos tentar entender um pouco disso exemplificando de forma a facilitar.
Por que eu afirmo como padrões subjetivos, vamos exemplificar algo bem objetivo como cor. Na raça Akita, temos como padrão três cores básica, vermelho, branco e tigrado. Entretanto ai vai, “COR: vermelho-fulvo, sésamo (pelos vermelhos com as pontas pretas) tigrado e branco. Todas as cores acima mencionadas, exceto a branca, devem apresentar o “URAJIRO” (pelagem esbranquiçada nas laterais do focinho, nas bochechas, sob o queixo, pescoço e ventre, na face inferior da cauda e face interna dos membros)”.
Por que eu afirmo como padrões subjetivos, vamos exemplificar algo bem objetivo como cor. Na raça Akita, temos como padrão três cores básica, vermelho, branco e tigrado. Entretanto ai vai, “COR: vermelho-fulvo, sésamo (pelos vermelhos com as pontas pretas) tigrado e branco. Todas as cores acima mencionadas, exceto a branca, devem apresentar o “URAJIRO” (pelagem esbranquiçada nas laterais do focinho, nas bochechas, sob o queixo, pescoço e ventre, na face inferior da cauda e face interna dos membros)”.
Percebam que o padrão explica algo sobre sésamo, mas pouco ou nada fala sobre o vermelho (laranja ou cenoura) que como está em moda, vou parafrasear “50 tons de vermelho”, são vários tons e nuances que chamamos de vermelho, em um só pelo o Akita poderá ter vários tons de cor, no mínimo três no caso do vermelho, que dependendo da posição (mais claro ou escuro na raiz ou nas pontas) irá determinar a intensidade do tom. E o tigrado esse então tem bem mais que 50 tons, sem falar no branco onde o importante não é a cor do pelo e sim da ponta do nariz, unhas, anus e almofadas das patas, temos duas interessantes teorias a esse respeito, seria o branco um tigrado onde as tigras se espaçaram e a faixa branca compreende o exemplar como um todo, e nesse caso a pigmentação nariz, unhas, anus e almofadas são perfeitas, ou seja, de pigmentação preta ou bem escura e uma segunda teoria que seria o branco um variação bem clara do degrade de um vermelho gerando certo albinismo onde o nariz, anus e almofadas das patas ficam cor de rosa ou marrom claro e isso é indesejável.
Viram como é simples assim, sem falar em “urajiro” que já pesquisei em vários lugares e não há uma tradução literal do japonês para o português, contudo certa vez em encontro com talvez a maior autoridade em cães da raça akita do mundo, Sr. Shinya Kuroki (falecido), em meio a um agradável jantar, tentei extrair o máximo de informações possíveis, naquela época não havia internet e éramos sedentos de informações. Nosso tradutor e excelente criador Sr. Kichiro Maki, grande amigo, perguntamos a respeito desse “uragiro” e a informação seria como algo esbranquiçado no ponta de cada pelo e não simplesmente determinando regiões de localização do pelo branco. Mas enfim chega de falar de algo aparentemente objetivo, mas de uma subjetividade incrível, vamos falar de algo mais subjetivo ainda, que é a cabeça do Akita.
Quando tracei esses rabiscos na presença dos queridos amigos Juliana e Leandro, e toda vez que olho o desenho na net me dá saudade de estar com esses queridos, que já julgo como família, tinha um objetivo claro de expor o que eu sempre enxerguei numa cabeça de Akita, mas até então não conseguia me expressar. Então compreendi o significado literal da expressão “quer que desenhe??”.
Quando falamos de cabeças, estamos falando da parte do cão que os distinguem entre as mais diversas raças, as cabeças são de vital importância em todas elas e a partir delas iniciamos um trabalho voltado para o aprimoramento e até busca por ideais, na raça Akita não poderia ser diferente.
Ainda falta muito trabalho para chegarmos a um nível de homogeneidade, pois em virtude das várias influências do passado, do ponto de vista genotípico os criadores de Akitas ainda buscam obter um ideal de cabeça que já encontramos em muitos exemplares, entretanto trata-se de um universo pequeno em relação ao plantel. Nossos rabiscos apresentam três tipos básicos de cabeças, e que fique bem claro estamos falando de Akitas japoneses com tipicidade japonesa, dentre esses tipos temos também que esclarecer que o principal a se avaliar é o equilíbrio que precisamos obter, pois o Akita é totalmente equilibrado e se não tivermos um equilíbrio total o exemplar será desequilibrado como um todo. Digo isso, pois algumas características vêm acompanhadas por outras e fica muito difícil separa-las, vamos doravante chamar as três cabeças do rabisco como: retangular, quadrada e redonda.
A retangular que é a primeira cabeça revela um cão equilibrado, com orelhas portadas ao mesmo ângulo do pescoço são como se fossem um prolongamento da linha superior do pescoço inseridas bem distante uma da outra, olhos de inserção também corretas oblíquos, mas não muito amendoados com olhar profundo sem exageros nem muito puxados para cima nem muito juntos nem muito fechados, o focinho é forte com boa proporção em relação ao crânio sem ser grotesco, e com lábios aderentes ligeiramente afilados da base para a ponta do nariz, forma-se um sulco sagital que levemente sobe da base do focinho até o occipital, quando olhamos de frente essa cabeça forma um conjunto perfeito com uma linha paralela que começa na extremidade das orelhas descendente a linha do pescoço formando um enquadramento equilibrado com o corpo sem que se faça uma juba através do puxar da coleira ou enforcador, essa pra mim e a cabeça perfeita.
A segunda cabeça é a quadrada, essa cabeça traz consigo algumas características que não são positivas, tais como orelhas de inserção altas geralmente não acompanham a linha superior do pescoço, quando filhotes e de orelhas caídas ainda, essas orelhas ultrapassam a linha inferior dos olhos que são ligeiramente redondos, sem a expressão de olhar profundo e sem reservas no olhar, ou seja, olhar muito franco. Essa cabeça tem na maioria das vezes um focinho extremamente grosso e denota um ar grotesco de aparência quadrada, os lábios em sua maioria são pendentes, ou seja, o superior ultrapassa o inferior, geralmente o crânio forma duas calotas cranianas proeminentes dando um ar de uma testa alta, percebam que o exemplar vai perdendo completamente o balanceamento e nem mesmo quando se faz a juba o aspecto fica bom, o pescoço se torna extremamente longo e o cão fica totalmente desbalanceado.
A terceira cabeça é a redonda, muito popular hoje em dia, pois confunde até mesmo criadores experientes, mas o pior dessa cabeça são os exageros, geralmente as orelhas são muito longas e pontudas, de uma inserção muito próxima uma da outra o que é pior são finas na base e em espessura também, os olhos também são menores, inseridos obliquamente e muito próximos um do outro, o focinho muito pontiagudo extremamente fino no nariz geralmente essa cabeça é muito leve de aparência, quando eu digo que essa expressão engana muita gente é porque tenho observado que os principais criadores do Japão estão preocupados de forma comercial, e para evidenciarem uma grande diferença entre uma aparência poderosa como são os americanos, nada melhor do que uma aparência levíssima, essa cabeça traz junto com a leveza cães longilíneos esgalgados demais, pernaltas que em resumo outro cão desbalanceado.
É muito importante ressaltar que esses três tipos de cabeças tem as suas variáveis, são as misturas delas, todo criador deveria ter muito critério para tentar desenvolver um tipo que identifique sua criação, isso era evidente nos anos 80 e 90, entretanto hoje é muito difícil observar essa preocupação, dai tanta heterogeneidade. Espero ter ajudado de alguma forma.
Ulisses Guedes."
Ulisses Guedes."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este texto ajudou de alguma forma? Deixe seu comentário - Saudações akiteiras...